Ler . Sentir .

Sê bem-vindo ao meu mundo.

Incompleta-mente Falando.

Há quem escreva para parecer bem ou ficar bonito, eu escrevo porque me dá prazer. Escrever é uma paixão, uma terapia, um impulso. Escrevo porque sou sã e louca. Escrevo porque vivo e existo.

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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Tatuagens


Mais que o nosso corpo, a nossa alma e o nosso coração estão cobertos de tatuagens. Tatuagens de uma tinta incolor, sendo que muitas delas foram feitas sem darmos conta e na ausência de profissionais. Tatuagens que não precisam de agulha para serem eternas.

Todos nós temos tatuagens, tatuagens impossíveis de remover. Ainda que, nem sempre visível aos olhos dos mais desatentos, cada um de nós é uma obra de arte. É um interno aglomerado de formas complexo que cria um padrão assimétrico, que nos preenche e nos dá figura.

Todos estamos marcados por pessoas, ditos e feitos, por momentos e recordações. A nossa alma (essa coisa estranha) e o nosso coração (esse suposto órgão que não sabe apenas exercer a sua função de bombear sangue para o corpo, pois atreve-se também a sentir) guardam tatuagens, inúmeras tatuagens que vamos adquirindo ao longo da vida. Cada um que por nós passa deixa a sua marca, o seu contributo, nem que seja a tatuagem da abreviatura do seu nome.



Escrita

A escrita é a minha maior terapia,
Mostra-me tudo o que tenho e tudo o que queria.

É o mundo que posso mudar,
É o sentimento que posso descrever,
É o momento que quero recordar.

É a minha fiel companheira,
Expõe a minha alma;
É a minha pessoa verdadeira.



domingo, 18 de agosto de 2013

Por tanto te querer, perdi-te

Soubesses tu o meu porquê, o meu motivo,
- Entender-me-ias.
Ao entenderes-me, terias força,
- Ficavas.
Ficavas, porque terias certezas,
-Certezas de que te queria.

Desejei-te demais,
- Sufoquei-te.
Quis-te por inteiro, perfeito,
- Só meu.

Desejei começar de novo,
com um nova força.
Quis escrever uma nova história.

Desejei tudo demais;
Imaginei demais;
Senti demais;
Amei demais;
Quis-te demais...

No final, em vez de ter, perdi-te.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O Amor

O amor surge da liberdade…da liberdade de termos inúmeras opções e fazer sempre a mesma escolha. O amor é acreditar em algo que mais ninguém compreende ou nota sentido. O amor é ser-se capaz de sorrir ao lado de quem já nos fez chorar durante noites a fio, é rir de quem é o nosso maior remédio e o nosso maior veneno. O amor é querer estar por perto e fazer notar a sua presença, ainda que estando a milhas de distância. É querer ouvir, apoiar, valorizar, alegrar, aconselhar, partilhar, fazer planos… desejar construir uma vida a dois, um futuro.

O amor é, acima de tudo, carinho e compreensão. É ser-se feliz, auto-realizado e deixar que o outro também o seja, ainda que um dia o vejamos a vacilar entre todas as opções e a duvidar da sua escolha. O amor é deixar ir… e se amor verdadeiro for, permanecerá sempre. 

Amor é verdade, é pertença, é futuro.
Somos o queremos e acreditamos, acreditando ser quem desejamos.

Rio


A água do rio segue a sua corrente,
Não perde tempo nem se engana.

A água desce pelo leito de seu rio,
Procurando a uma foz onde desaguar.
A água flui… pode estancar mas não recua.
Mesmo se perdendo e invadindo espaços alheios,
Não pede desculpa, nem perde demora,
Continua a fluir.

A água do rio escurece em tempo sombrio,
Cintila em dias claros de sol resplandecente.

A água segue no seu ritmo conturbado
Por todos os obstáculos do seu percurso.

A água do rio passa junto aos nossos pés;
Ou seguimos a corrente ou esperamos, esperamos, esperamos...
A água que passa e não retorna é a nossa vida.
Equipara-se às oportunidades que deixamos fugir;
Compara-se aos erros que não podemos emendar.
A água que flui no seu rio, segue a sua natureza…




terça-feira, 13 de agosto de 2013

Poeta


A vida é como a poesia,
Complexa, ritmada,
Sensível, fingida.

Todos nós somos poetas
Porque todos temos um
Lado sensível e emotivo.
A poesia é isso mesmo:
Sobrepor-nos a nós próprios;
Viajar mentalmente;
Gritar emoções;
Inspirar sentimentos.

Ser poeta é amar e odiar em simultâneo.
É querer o mundo e só ter um corpo.
Ser poeta é ser-se fiel a nós próprios.
É ser-se louco aos olhos dos outros.

Ser poeta é ser-se artista.
É transmitir a mensagem.
Ser poeta é, acima de tudo,
Ser-se fingidor como me disse o mestre Pessoa.




Âncora

Queria fechar os olhos e acordar num novo dia, num novo amanhecer, com novas caras, novos sorrisos, novas experiências, novas paixões, novos erros, novos amores. Queria seguir em frente e parar de alimentar o que tem mostrado não ter solução. Queria largar a minha bagagem, suja, pesada e quebrada num avião qualquer e desejar para que ela fosse… fosse para bem longe e não voltasse mais. Contudo, há uma pesada âncora. Uma âncora que me prende e me imobiliza, uma âncora que me faz ficar, mesmo sem ter motivos. Há qualquer coisa que me faz acreditar, há algo que mais ninguém vê, só eu e somente eu, consigo ver que existe um brilho, ainda que distante. Ninguém consegue compreender o que eu vejo e sinto. Já passei horas a tentar explicar aos outros as minhas motivações para continuar a batalhar num caso, aparentemente perdido, e ninguém me compreende, porém o facto de eu notar que mais ninguém me compreende apenas me dá mais força para não desistir, pois crio a ambição de um dia alcançar o meu objetivo e dizer “Eis o motivo pelo qual segui o que sentia e não os vossos conselhos raciocinais e cautelosos”.

Terapia


Fecho os olhos e voo,
Sussurro de felicidade:
Ai vem ela, ai vem ela! Ai vem a batida sincronizada,
O ritmo da minha vida.

A música, a minha terapia,
Faz de mim alada, como se por magia.
É a musicalidade da minha alma,
Grito e choro pautas, toda a vez que perco a calma.

Rodopio

Tic-Tac, Tic-Tac,
Faz o relógio.
Pliiim… pliiim…
Faz o cair da água.
Bump, bump, bmp,
Faz o coração.
São o sons do quotidiano,
Os ritmos certamente incertos
Das vidas das gentes.
É o barulho, o ruído das cidades.
O arrancar de uma mota,
A buzina de um condutor irritado,
A gargalhada de uma criança,
O ladrar de um cão,
O gentil som de um beijo,
O queixume da velhota idosa
Que todos os dias, à mesma hora,
Apanha o autocarro.

As vozes das multidões,
É o mundo, o som, o barulho,
É a vida, é a rotina…

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Incerto

Incerto, indefinido, disforme mas contínuo. Estranho borrão desfoque, que gira, gira e torna a girar. Não há registo de quando começou, nem fim se aproxima. Um turbilhão de emoções, um vendaval humano, um furacão de ignorância e egoísmo. Tudo e todos tão heterogéneos, cada um a julgar a sua própria certeza, deixando todos os outros nas suas certas incertezas.

Que fotografia saturada, desfocada mas resistente.